quinta-feira, abril 26, 2007

Perdoa Primavera

Tenho andado distraído,
Esqueci-te Primavera;
Sinto-me até ofendido,
Não fiquei à tua espera.
Noutro tempo mais liberto;
Quando em tudo reparava,
Tinha-te sempre tão perto
Todo o eu te admirava.
Como me deixei levar,
Ser assim absorvido!
Anda a lida a me enganar,
Perdoa ter-te esquecido.
Nesta luta acelerada
Atrás da sobrevivência;
Na vida urbana stressada,
Esqueci tua existência.
Mas despertei e vou estar,
De atenção mais atrevida
Já não te vou ignorar,
Tu Primavera que és vida!
.
Texto: José Faria

Feriado - 25 de Abril


Que delicia um feriado,
Podia ter-me lembrado,
E assim ter destinado,
Passear com meu amado.
Amado mas qual amado?
Terei eu mas é sonhado,
Ai minha linda fada,
Ando meia avariada.
Já sonho com o que não há,
Ao menos ocupo o pensamento,
Escrevo coisas aqui e acolá,
E assim vou passando o tempo.
Tu aí que me estás a ler,
Queres dar um giro comigo?
Vem daí vamos correr,
Conto contigo meu amigo.
Texto: Paula Costa
Foto: Sergio P.

quarta-feira, abril 25, 2007

Canção para a minha mãe


Mais uma vez pego nesta caneta
E... num papel
A fim de transmitir toda a
Doçura do Mel
Que recebo, diária e incessantemente
De ti
E aqui está a letra que sempre
Te prometi.
Podes ser um pouco “desligada”
Muito chata também
Mas apesar de todos os defeitos tenho orgulho em dizer
És minha Mãe!
Todo o amor que sempre recebi
Todos estes anos
Desde o momento em que nasci e que te vi
Pela primeira vez
Quando disse “mamã” com um ano e 2 meses ou 3
Parece que aprendi andar porque sentia a tua falta
Partiste em viajem e quando voltaste
Quando te vi corri pra ti e andei sem cair
Enfim,momentos engraçados que me contaram
E que deixaram a sua memória
Da minha vida,desta minha história
No fundo,construida por ti
Ao longo do tempo e sempre com este sentimento de Amor
Talvez as marcas negativas tenham permanecido
Mas nunca vou esquecer
Do que por mim fizeste e fazes
Isso nunca vai ser esquecido
Pois tenho a certeza que as broncas foram necessárias
É graças a ti que sou muito do que sou hoje
E às brigas, aos sermões, às discussões, alguma dor
Assim como os momentos plenos de carinho e amor
Sempre te admirei
A tua força, a tua coragem
O apoio que me deste em cada minha passagem
És a “mulher da minha vida”
A irmã que nunca tive e sempre desejei
A minha melhor amiga
De ti sempre tive tudo o que precisei.
Não encontrei melhor maneira
De te dizer o que me vai no coração
Decidi pois pôr em palavras
Algum do meu amor nesta “canção”.


Texto: Claudia Silva (a aniversariante)


terça-feira, abril 24, 2007

Bela. A Brasileira


Não é só bunda, carnaval e samba não,
Bela tem muito carinho e amor no coração.
Não é só bunda, carnaval e samba não,
Bela tem muito carinho e amor no coração.

Seja ela preta, branca ou mulata,
se o homem lhe apalpa a bunda, ela torce que se farta

Não é só bunda, carnaval e samba não,
Bela tem muito carinho e amor no coração.
Não é só bunda carnaval e samba não,
Bela tem muito carinho e amor no coração.

Seja ela preta, branca ou mulata,
se o homem lhe apalpa a bunda, ela torce que se farta

Não é só bunda, carnaval e samba não,
Bela tem muito carinho e amor no coração.
Não é só bunda, carnaval e samba não,
Bela tem muito carinho e amor no coração.


Texto de David Santos
Direitos SBA Brasil

domingo, abril 22, 2007

Sombra


Após caminhos primeiros
Tragados da escola à lida,
Nas obras de trolhas, pedreiros,
Surge minha sombra erguida.
É também a vez primeira,
Que olho a sombra que é minha;
Diante de mim derradeira,
Altiva, precária se tinha.
Ficou hábito da presença,
Então jamais me deixou.
A noite trás sua ausência,
Recolhe a mim, dela sou.
Diferentes caminhos tragados,
Sombra minha companheira,
Dás aos trabalhos pesados,
A forma de brincadeira.
Tens vida em dia luzente
De sol na sua descida.
Sombra! – Pareces contente.
Sempre perto e de fugida.
Ao meu pé, longe te mostras,
Conforme a claridade.
Nas casas e muros te prostras,
Sempre a mesma habilidade.
Aos campos rápida te lanças,
Sobre a seara e o vento.
Magoa-me a esperança
Ao perder-te a todo o tempo.
Mas eis que saltas de novo!
Num muro, margem da estrada.
À sombra nada é estorvo,
Caminha mesmo prostrada.
Queria-te ainda mais forte,
Sombra minha companhia:
Se tivesse a tua sorte,
Sem luz não existia.
Queria mais que imitação
De meus gestos, movimento!
Igual ser, gémea razão,
Sermos dois a todo o tempo!
Tu a sombra, eu real,
Meu querer duplicado.
Ser meu corpo material
De energia aumentado.
Mais longe iria chegar,
Na acção, no pensamento!
Seriam dois a pensar
Com maior discernimento.
Duas forças, um só querer
A anular o que não presta:
Da maldade pó fazer
O pó do fim que nos resta.




Texto: Zé Faria
Foto: João Viegas
www.1000imagens.com

sábado, abril 21, 2007

Tédio


Mais um dia sem fazer nada,
Está a tornar-se cansativo,
Podia estar numa esplanada,
Sempre era mais produtivo.
O tempo está muito agradável,
A temperatura no ponto ideal,
Aqui está um ar irrespirável,
Se me ausentasse não fazia mal.
E se uma mentirinha eu dissesse,
Inventava uma pequena doença,
Fugir daqui é que me apetece,
Pois estou a ficar sem paciência.
Dirigia-me à praia de seguida,
Contemplaria a beleza do mar,
Descalçava-me e dava uma corrida,
É tão bom me conseguir libertar.
Texto: Paula Costa
Foto: Pilar Mendes Dias

sexta-feira, abril 20, 2007

Quando


Quando.....
É que me perderei no teu corpo,
me entregarei aos teus desejos,
saborearei tudo o que de bom há em ti?
Quando.....
Deixarás de ser mistério,
para seres tateado por mim?
Quero percorrer-te lés a lés,
para que o teu corpo,
seja sempre memória,
nos momentos em que não estiveres presente.
Quando...

Diz-me.....
Quando....




Texto: Mochilinha
Foto: João Mota da Costa
www.1000imagens.com


quinta-feira, abril 19, 2007

Mago dos meus desejos


Há em mim uma necessidade do teu sal,
uma carência dos teus olhos-menino
que refletem o pôr-do-sol no horizonte.
Envolve-me, divino, nas tuas ondas!
Cada toque teu deixa um rastro cristalino
no corpo, nos tons e na voz,
que grita aos quatro cantos a minha excitação.
Banha-me, querido, com tuas águas!
Há tantos segredos,
há tantos desejos,
que iluminam, serpenteiam e provocam.
Cobre-me, amor meu, com teu mar!
E os mistérios, os feitiços,
a grande magia do sentir
faz-me seguir os teus encantos.
Leve-me, mago dos meus desejos, na corrente dos teus oceanos!



Texto: Claudia Perotti
Foto: Ricardo Costa

quarta-feira, abril 18, 2007

Invisível


Falar sozinho
triângulo virtual
sou vértice
lado invisível
ligado
ligado e exposto
ao vazio
vibrante sem eco
e
desenho
na aresta fios
sem pontas
Texto: Zé MMI
Foto: Auto retrato - Mia

terça-feira, abril 17, 2007

Um dia



Um dia, um rapaz passeava junto ao mar.
Era Primavera e o ar salgado deixava-lhe um sorriso na face...
Sem perceber caminhou durante séculos e se a terra fosse mesmo redonda por certo não ia parar.
Mas à medida que a Lua murmurava ao Sol para se despachar, começou a levantar-se uma brisa...
Não era uma brisa normal. Parecia que falava baixinho.
Falava com ele mas sem palavras que pudesse ouvir.
Mesmo assim sentia algo...
arrepios, medo, e quase fugiu correndo...
Tinha que ser forte....
Nem com todos a brisa fala...
e já que o escolhera, devia tentar ouvir. Quase sem pensar, entrou pela maré...
Acariciou as ondas envergonhadas e sorriu para o mar...
O mar sorriu também, para depois soltar uma enorme gargalhada que engoliu o rapaz...
Num turbilhão de água sentiu o fôlego a fugir, e gritou pelo ar que lhe era roubado...
Por segundos pensou que dormiria...para acordar num mundo distante, perto de uma sereia.
Com conchas coloridas e mantos verdes de saudade...
Mas não!!Apenas rebolou na água morna...
Bebeu litros, espirrou sofrimento...
Durante uma hora pontapeou a morte sem chorar uma lágrima...
Saiu voando então...
Aterrou com estrondo na areia, e ficou parado a olhar o mar...
As conchas eram brancas por toda a parte...
Não havia sereia, nem um mundo diferente...
Escolheu por fim a sua realidade, porque se o senhor mar não o aceitou, alguma razão devia ter...
Texto: Nuno West

segunda-feira, abril 16, 2007

Pianinho do Mar


Os ventos, pianinhos, do Mar,
são tão pianinhos, que quase me enlouquecem,
com aquela brisa, como que um pianinho, ao teclar,
mostram-me a linda terra que as àguas humedecem
Tão doce! Tão suave! Tão lindo e bom!
Ondas, amor, saudade, que os ventos vagamente sopram,
com o som do pianinho a ajudar, tudo de bom nos entra no coração;
mas é assim, que as coisas mais salutares que cá dentro temos, de nós brotam
Ah, pianinho do Mar, que com a leveza da brisa, o teu som a espalhar,
fico sem saber onde a minha boa loucura irá terminar.
Que serenidade! Que bondade! Que suavidade! Que lindeza!
Ah, Mar, mais parece um pianinho tocando com toda a sua beleza,
os ventos leves, a darem-te maior grandeza
e o som do pianinho, dando-me alento, afastando-me da rudeza

Texto: david santos
O blog mais lido e comentado que já vi. Parabéns David

O Prémio recebido por David Santos - The Thinking Blogger Award



David is a poet and writer. When he visited my blog, I was pleasantly surprised. When I returned his visit, I was amazed at his network. I am so intrigued with his immense interest and energy to get to know and connect internationally with people going beyond borders and boundaries (that goes for race, creed and religion). He is the epitomy of love and unity. He makes us think that if we were to aim for peace, mean it and write about it and spread the good news as how he does it with fervour! Now that is food for thought especially when we see his comment box filled with hellos from all over the world between 100-400 for every entry! Lovely David

Ruby Ahmad - Professora da Universidade da Palavra da Malásia, que forma poetas.

domingo, abril 15, 2007

Acção horrenda

Dava eu o meu ser, tão livremente,
No asseio, no enfeite sem contenda:
Dava o suor que ofereci alegremente,
Quando triste recebi, acção horrenda.
Era a festa popular da nossa gente,
Num salão que humanitário vos prenda,
Quando a alegria, os sorrisos docemente,
Feneceram deparando acção horrenda:
Sobre mim caiu um dirigente (!’)
Que um grupo ali nos deu à cena:
Um amante da agressão, nisso exigente,
Deste amigo brutamontes tive pena!
Provocava p’ra agressão, fisicamente;
Por prazer inconsciente de armar tenda.
Gesticulava o animal que ódio sente,
Eu amansando procurava dar-lhe emenda.
Se não houvesse em mim calma aparente,
E fácil fosse em mim se abrir a fenda:
Andaríamos os dois raivosamente,
Enleados como cães... que acção horrenda!
.
Texto: José Faria (Zé Maiato)
Imagem: Ana J Ribeiro
www.olhares.com

sábado, abril 14, 2007

Saudade


A Saudade é uma Doce Tristeza
Uma falta inconsolável
Um sentimento de indefesa
E uma vontade incontrolável
De poder ter a certeza
De que um dia voltaremos a estar juntos!
É um sentimento difícil e suportar
Como se o instinto estivesse a falhar
Como se o nosso coração estivesse com a pessoa
De quem sentimos falta
Como se ele estivesse lá, longe…
Enfim, é Saudade!
Mas, ainda assim, é doce…
Uma mistura de Tristeza com Felicidade
De Vazio com Amor

Texto: Claudia Silva

sexta-feira, abril 13, 2007

Rosa, Flor, Mulher




Rosa
Flor
Mulher
Risonha
Dança no tempo
Na aragem do vento
regada de orvalho
ao sol da manha
Rubra imponente
Rosa
Flor
Mulher.


Texto: Mia
Foto: X.Maya

quinta-feira, abril 12, 2007

O que fazer?


Numa fração de segundos lembrou do que não queria lembrar. Aqueles olhos banhados de mar vieram-lhe a mente. A lembrança do sorriso marcado por ondas a fez tremer. Não queria sentir, mas sentia. Não queria esperar, mas ainda esperava. Não queria mais aquelas cores, mas guardava em sua paleta todas as cores dele. E a maresia se fez presente! Implorou o esquecimento, mas o corpo reclamou, quis mais. Tentou desviar o pensamento, mas a nau no horizonte não a deixou esquecer. Fechou os olhos e o som das confissões tomou-lhe em desejo. Todo o esforço fora em vão. Ele ainda está presente em seu corpo e alma. Tatuado nos sentidos. Enfurecida jogou a toalha! Não suportaria mais a idéia da distância, nem disfarçaria que não sente mais, mas no momento não sabe o que fazer ...


Texto: Claudia Perotti
Foto: Carlos Loffi Fonseca

quarta-feira, abril 11, 2007

Dá-me a tua mão


Está um dia tão bom,
Apetecia-me ir embora,
Vem aqui dar-me a mão,
Leva-me daqui para fora.
Vamos fugir por momentos,
Esquecemos o mundo,
Sem nenhuns lamentos,
Amanha trabalha-se a fundo.
Dá-se uma desculpa,
Ninguém precisa saber,
Não nos passarão multa,
E é para nosso belo prazer.
Leva-me para longe daqui,
Porque não vamos ver o mar?
Quando estou perto de ti,
Estou bem em qualquer lugar.


Texto: Paula Costa
Foto: Margarida

terça-feira, abril 10, 2007

Há uma lágrima em cada poema


Há uma lágrima em cada poema
Um sentimento despejado envolto neste tema
Um soluço, um suspiro, a inspiração para este lema...
Uma presença divina, uma força suprema
Há uma história de amor em cada canção
Onde tudo é desenhado com infinita emoção
Onde os sonhos nos levam ao intimo do coração
Onde tudo é vivido com tanta dedicação
Há uma doce criança em cada um de nós
Uma escondida confiança, silenciosa, só…



Texto: Claudia Silva
Foto: Luca Matos

segunda-feira, abril 09, 2007

Imaginação ou realidade?

Escrevi, como quem passa uma tarde na cama
na companhia branca de lençóis, apenas,
e a TV a aquecer o frio e chuva que se ouvem lá fora.
O corpo já maçado de tanto espreguiçar
e alternar entre o quente, já esquecido,
e o fresco na surpresa do lado frio da cama.
Onde estás?
Quando acordaste?
Foste comprar tabaco?
Ou não chegaste a dormir comigo?
Imaginei-te?
Ou apenas desejei-te?
.
.
Texto: Zé MMI
Foto: Le Borgne

domingo, abril 08, 2007

Pintar


Armei-me de tintas e pincéis,
Andei por caminhos sem rumo,
Pincelei onde havia carrosséis,
E onde uma cor era oportuno.
Clareei certas zonas obscuras,
Outras uma cor mais carregada,
Onde pairava tristeza e negruras,
Passou a ter uma cara lavada.
Por onde dava minhas pinceladas,
Formava-se logo um sorriso aberto,
Bocas que antes estavam fechadas,
Por toda a sujidade ali por perto.
Regressei a casa com um sorriso,
Depois de dias sem guarida,
Deixei cor onde era preciso,
Pintei o país de poesia colorida.


Texto: Paula Costa
Imagem: Fernando Figueiredo

sábado, abril 07, 2007

Romi ou Rosa Maria


Oh meu amor, tem dó de mim
se eu te amo e tu não me amas
não te rias, paciência, enfim.
Eu quero Romi ou Rosa Maria
Eu quero amar-te por uma ninharia.
Uma ninharia, que é a minha vida
A ninharia não é nada, mas quero amar-te
Rosa Maria e mais nada
Rosa Maria, Américo Manuel
Não sei porque te escrevo, talvez goste de gastar papel
Gastar papel, porque tu não o lês
Tens medo que te leves no que lês e não vês.
Mas Romi reconsidera, eu ainda cá estou à tua espera
Para que um dia quando te lembres
me respondas, não te vás, reconsidera.
Espero que o meu caminho, tu Romi o alumies
Porque eu ando na escuridão em que me deixas, Rosa Maria
Eu quero o meu amor, eu quero a Romi
lembra-te que te amo só e simplesmente a ti.
Não te atraiço-o como tu me fazes
mas eu perdoo-te façamos as pazes.
Amo-te, amo-te querida, amo-te como ninguém
Amo-te só a ti, mas quem és, serás alguém?
Chamar aos outros de Rosa Maria
é uma calunia que não perdoaria.


Texto: Américo Manuel (quando na adolescencia se apaixonou por uma Rosa Maria)

sexta-feira, abril 06, 2007

Vagas sucessivas


Fim do dia, fim de mais um dia. Tenho o ruído do dia acumulado nos ouvidos. Horas de imagens sobrepostas nos olhos. Formam uma só imagem indistinta. Ocre. Desfocada. Entro pela porta e fecho-a na cara de uma pele que usei todo o dia. Para agora a olhar com repugnância. Vejo-a como se não fosse minha. Sem desejo de a voltar a vestir. Sinto os músculos doridos. As mãos parecem não me obedecer. O meu espírito tenta em vão içar um corpo que já desistiu. E tu estás ali. Vejo-te. Sinto mais uma a tua desistência diária. Avanço para ti sem ânimo. Lenta, dolorosamente ergo o braço cansado. Os músculos retesam-se descontroladamente. As veias salientes no braço. Consigo ver nelas O stress e a angustia que as percorrem. A minha mão levantada parece não ser minha. Esteve não sei onde. Não a reconheço. Nesse instante, como todos os instantes como este, em todos os dias púrpura como estes, de repente... o silencio. O silencio da praia deserta. O silencio de quem só ouve o que vem de dentro. E de repente... a minha mão desenrola-se na tua pele. Numa carícia que sempre parece impossível. Para sempre nos surpreender. E tu sorris como só tu o fazes. A tua pele fica mais macia sob a minha mão. Como a areia molhada. Toda a impetuosidade de um mar. Toda a fúria de um oceano. Numa onda. Agora dormes.
.
.
Texto: Luis - Giraluas
Foto: olhares

quinta-feira, abril 05, 2007

Não Sabia

Não sabia que te amava…
Nem o sonhei durante minutos em que não dormia.
Via Fadas e Duendes, mas os Pós de alguma Magia,
não me fizeram suspeitar de um arco-íris que me perseguia!
Claro que não era normal. Até no dia mais bonito e azul do ano,
lá estava ele esperando a um canto, por de trás de qualquer colina.
Nessa altura devia ter percebido. E devia ter corrido por um pote,
que não era de ouro mas de sonho e muita vontade.
Hoje, grito à distância, para que me oiças e sintas. Amo-te!!
Amo-te mil vezes e mais do que possa suportar.
Escrevo versos antigos e gastos, e desejos de te abraçar, nada mais simples…
Sem exageros de poesia ou ambição literária. Apenas pequeninos arrepios.
Quero-te sem te poder resgatar de outras torres já faladas,
mas confiando num olhar com poderes irresistíveis.
Chamo pelo teu nome, guardo esperanças e feitiços,
cerro punhos e lábios em esforço, por tão querer…
Ter-te-ei em sonhos ou nos meus braços!
Por já me sentir tão perto, guardo as últimas pulsações,
e já sorrindo de infinita alegria,
Observo a pequena folha cair no lago…

Texto: Nuno West
Foto: Mariah
www.olhares.com

quarta-feira, abril 04, 2007

Recusa

Não, recuso-me a acreditar que partiste!
A tua doçura continua a assustar-me
e a despertar-me alvorada sim, alvorada não.
Mas não te sinto. E procuro-te.
Levanto-me e acendo mais um cigarro,
só na esperança de ver o fumo desenhar-te
na minha noite branca.
Branca. Incolor como tu.
Se ao menos eu entrevisse nestes suspiros uma sombra azul...
Mas tu recusas materializar-te para mim!
Mostra-me uma só vez a tua ferida de cansaço
de que tanto me falavas,
naquelas madrugadas insensatas.
Parecia que não tinham fim
as noites em que, de mansinho, me levantavas da cama.
E depois, quando o sol, preguiçoso,
bocejava à minha janela,
os lençóis já estavam gelados,
com a ausência do meu corpo
e da minha alma,
que eu te dava sem receber nada em troca,
além daquela inoportuna sensação de abandono.
Já não conseguia deitar-me.
Não, recuso-me a acreditar que partiste!
Ironia do destino, não?
Antes, o que mais queria era que te fosses embora.
Todos os dias criava um estratagema para te ver partir.
Agora, já não me sinto sozinha e não me consigo conformar!
Tu não tinhas forma, cheiro, cor.
Tu não tinhas rosto.
Tentavas desenhá-lo no fumo dos meus cigarros. Em vão.
Desenhavas tudo.
Até coisas que, tal como tu, nunca assumem formas:
dor, mágoa, cólera, resignação, dor.
Mas tu nunca conseguiste materializar-te. Nunca.
E dizias, ainda, que a culpa era minha.
Atiraste-me sempre com a culpa e com a frustração que sentias
por não saberes pintar-te.
Vi-te sempre branca.
Azul, encarnado, castanho, verde eram aguarelas
que secavam na tua paleta,
sempre que tentavas desenhar-te.
E eu sempre na esperança de te entrever no fumo dos meus cigarros.
Não, recuso-me a acreditar que partiste!

Texto: Marta
Foto: Adriano Batista
www.olhares.com

terça-feira, abril 03, 2007

Etapas ....


Tu
Flor criança
Corpo que cresce dia a dia
Olha o Sol
Envolve-te nos seus raios
Absorve o seu calor
Sorri e cresce.
Flor Mulher
E aí
Não fiques triste
Se a chuva cair,
Se alguma vez sentires
o ribombar de um trovão.
Pois, pensa
Flor Avó
Que se a tal chegaste,
e se passaste, por,
Flor Criança
Flor Mulher
Deves ao sol e a chuva
Porque o sol,
porque a chuva
Te ensinaram e ajudaram a viver.
Texto: Mia
Foto: Geisa
www.olhares.com

O colo ...


Há dias em que acordamos perto de um lugar distante.
Em que trocávamos um tesouro com jóias às pintinhas, por um colo amigo e tranquilo.
Há dias em que ficávamos horas a respirar o sono de outros, oferecendo quase nada para tanto receber…

Hoje é um desses dias…


Texto: Nuno West - Oduendefeliz
Foto: Georg Suturin
www.photo.net


segunda-feira, abril 02, 2007

Segredo



Contaste-me e eu ouvi,
Guardei-o bem guardado,
Só depois é que eu vi,
O seu significado.
Se não fosse tua amiga,
Não mo tinhas contado,
Espero que consiga,
Tê-lo sempre bem fechado.
Amigos verdadeiros,
São precisos em tempo certo,
Para serem os herdeiros,
Dum segredo mais secreto.

Texto: Paula Costa
Foto: Jean-Sebastien Monzani
www.photo.net

domingo, abril 01, 2007

Amo o infinito


Amo o infinito
E por ele choro pétalas de sofrimento
Que ao percorrerem minha face
Levam embora pedaços da tua alma.
Amo o infinito
E beijo-o com lábios de fantasia e sonho,
Agarro-o, mas ele desliza
E foge por entre os dedos.
Amo o infinito
E nada posso fazer…
Nada me resta se não esperar…
Esperar que num dos deslizes do destino
Nós nos possamos encontrar…
27/12/1995
In a distância separa


Texto: Eva Luna
Foto: Geisa
www.olhares.com

Agora é tua chance ...

Carregue-me em teus braços
Por esta estrada vazia
Até não mais existir paisagens áridas
Leve-me para longe
Até o grande oceano
Banhe-me o corpo
E atravesse o mar
o outro lado
Aonde as ondas abraçam as pedras
Deite-me na tua cama
Feche meus olhos
Beije meus lábios
E encaixe teu corpo no meu
Cante-me, no ouvido, todos as canções
Encante-me com teu sorriso e histórias
depois, pouse para mim
Quero eternizar teus contornos
Na tela da minha lembrança


Texto: Claudia Perotti
Foto: Nuno Belo
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